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DOCES LIGHT À MESA NO NATAL: SERÁ QUE FAZEM SENTIDO?




A poucos dias do Natal, está oficialmente aberta a época das múltiplas publicações com receitas light de doces e iguarias típicas da época. Bolo-rei e pão de Ló sem açúcar, rabanadas e sonhos no forno, para além de arroz-doce, aletria e tronco de Natal com tantas substituições nos seus ingredientes originais que dispensam comentários. Em revistas e blogs, surgem ainda tabelas e ilustrações comparando o valor calórico e nutricional (por fatia, por porção ou por unidade) dos doces tradicionais com os ditos baixos em calorias. Fazem-nos assim acreditar que compensa o investimento de fazer aletria com massa integral sem glúten, arroz-doce com água e sem açúcar, e rabanadas, sonhos, filhoses e coscorões polvilhados com edulcorante praticamente isento em calorias.



O Natal, de acordo com o calendário Gregoriano, celebra-se a 25 de dezembro. Contudo, iniciamos as celebrações na véspera com o jantar de consoada, ao qual se segue uma ceia copiosa onde não faltam as sobremesas generosamente doces. No dia seguinte, o tradicional e prolongado almoço de Natal, onde voltam a não faltar os doces. Contas feitas: 2 dias de excessos no máximo, e não 2 meses!!! Sim, há quem comece a celebrar o Natal no 1º dia de dezembro e que termine algures em meados, ou mesmo finais de janeiro. E quanto a isto, não há balança que resista!. E eis a questão: será que se justifica virar as costas às tradições da doçaria de Natal por meros 2 dias? Claro que NÃO!



Reinventar não é pecado. Reajustar receitas tradicionais em situações de doença em que um pequeno desvio causa o caos, muito menos. "Pecado" é, sem qualquer fundamento, comermos o dobro (ou o triplo), durante 2 ou 3 semanas, devido à falsa sensação de segurança de que, por não ter açúcar nem ser frito, as calorias não contam ou contam muito pouco... Metabolicamente falando, não será pelos excessos cometidos a 24 e a 25 de dezembro, que acordamos no dia 26 num corpo disforme com dois tamanhos acima. Também não será por isso que devemos jejuar horas a fio, recorrer a chás ou mesinhas laxantes e/ou diuréticas, a fim de retornar às formas corporais pré-natalícias que tanto lhe custou conquistar. O truque será tão simplesmente manter a sua rotina alimentar e de hidratação, bem como a prática de exercício físico, até dia 23 e retomar a 26. Afinal, dia 26 de dezembro já não é Natal.



Mas… e os restos? Idealmente, não deverá haver sobras. Não só por questões de luta contra o desperdício alimentar, mas também para não se sentir tentada depois. Se ainda assim, restou um quarto de bolo-rei, meio pão de Ló, meia dúzia de sonhos e duas rabanadas: congele em pequenas porções! Verá que se vai deliciar umas semanas depois das festas.



Viva o Natal sem pressões e disfrute dos doces e iguarias típicos da quadra. Afinal, tal como o povo diz (e com razão): "Não é o que se come no Natal que engorda! É o que se come durante o ano todo.".



(Texto de opinião da autora)



Prof. Doutora Inês Tomada


Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica


Licenciada em Ciências da Nutrição e Mestre em Nutrição pela FCNAUP. Doutorada em Metabolismo, Clínica e Experimentação pela FMUP


Professora Auxiliar na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa


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